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terça-feira, 15 de maio de 2007

Obrigado


Adoration of the Name of God - Francisco de Goya
Obrigado pelos dias felizes que tive. Pelas risadas demoradas. O cheiro do campo, o sorriso das pessoas e a alegria em estar com os amigos. O papo descontraído, as brincadeiras de criança e o olhar de carinho da mãe e da namorada. As noites de suor, amor e prazer com minhas amantes. A entrega sem medo àquela pessoa que ama. As buscas e as realizações. As peladas de futebol e os piques animados de moleque. Os livros e filmes que li e me emocionei. As lutas pela justiça e defesa dos mais desprotegidos. Os beijos e abraços dos companheiros de estudo. A lembrança das meninas que gostei. As corridas e mergulhos na praia. As paisagens de um mundo de campos, mares, cachoeiras, flores, lua e sol. As noites estreladas que tinham o aroma da amada. Os cochichos e afagos das paixões. O entardecer, o anoitecer e o amanhecer. As ondas que batiam forte nas pedras e esguichavam água para todo lado. Das doenças recusadas, dos percalços que não precisei passar, das dificuldades superadas, da fome nunca percebida e das tristezas que não senti.

Imagens que jamais sairão da minha mente.

Agora, aqui debaixo da minha lápide, vejo o mundo e as coisas como deveriam ter sido vistas. De que valeram as discussões banais e as brigas sem sentido?

A raiva, os ressentimentos e alguns posicionamentos mesquinhos também não têm razão de ser. Nesse instante sinto que a busca pelo amor é a única coisa que faz sentido.

3 comentários:

Robertson Frizero disse...

Antes de mais nada, espero, de todo coração, que este último texto não seja uma carta de despedida...

Curioso, amigo... Há duas semanas li "A Fera na Selva", uma novela de Henry James na qual o protagonista passa toda uma vida à espera de algo sensacional que ele pressentia que lhe iria acontecer. Só ao final da vida ele consegue se dar conta de que o fato extraordinário em sua vida já havia acontecido - e a conclusão dele, de John Marcher, é muito parecida àquela do teu texto.

Escrever é também uma forma de expurgar fantasmas, de realizar o que deixamos para trás, o que não vivemos. Teu gesto de agradecimento é algo que deveríamos fazer sempre, de tempos em tempos, a toda hora que lembrássemos de sermos gratos.

Parabéns pelos textos, tornei-me teu leitor assíduo.

Anônimo disse...

Não pude me esquivar de comentar sobre esse texto tão pungente!
O alcance foi tão profundo que arremeteu-me a uma oração.
Tenho certeza que todos que lerem suas palavras,terão concepções equivalentes.
Extraordinário em sensibilidade. Parabéns!

Carlos Zev Solano disse...

Obrigado pelas visitas amigos!

Amigo Frizero, não é uma despedida até porque o epitáfio ainda não foi escolhido, só a música:

Suite No. 3 in D major, BWV 1068 Air on the G string - composta por Johann Sebastian Bach

Tentativa de em breve colocar num post.

Muito agradecido pelo elogio e pela dica de leitura.

Abraços.

Isaura,

minha querida, que venha mais vezes e que sempre se possa tocar as pessoas de uma forma positiva.

Beijos.
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