Berto era determinado, avoado, alto, magro e cheio de amor para dar. Mônica frágil nos amores, forte e perseverante no trabalho, morena, cabelos lisos e negros. Para Berto era às vezes um bibelô, outras muitas curvas. Não sabia ao certo como se aproximar dela. O certo é que ela estava desgostosa com seu casamento. Ficava imaginando como chegar até ela. Será que o via como homem ou só como amigo? Fazia também elucubrações a respeito de sua nudez. Pensava em como seria maravilhoso tê-la nua numa casa à beira-mar. Esparramados pela cama a ver o movimento das ondas e ele ainda com mais uma paisagem à sua frente, o delinear do corpo em pêlo, com os altos e baixos da anatomia, indo dos pés à cabeça.
Em todas em que se aproximava dela não mais conseguia ver nada, se sentia atordoado, não racionava direito, o sangue subia.
Tinha vontade de abraçá-la com muita força, num sentimento que misturava o desejo de protegê-la com o de tê-la. Queria envolvê-la.
Um carinho muito grande também se nutria. Seus olhos lhe mostravam uma carência incompreensível e surda. Como atingir aquela mulher que se encontrava na sua frente? Um beijo roubado?
Eles haviam se conhecido fazia pouco tempo. Foi a partir de um amigo em comum – que depois sumiu. Encontraram-se numa festa e descobriram que trabalhavam muito próximos. Combinaram então de voltarem sempre – ou quase – juntos de Metrô. No entanto, suas conversas sempre foram mais para amistosas, nunca tinha havido um movimento de ambas as partes de se relacionar sexualmente. Mas, de uns tempos para cá, Berto começou a olhar para ela de outra forma. Talvez o momento, ou quem sabe um despertar. Passou-se um ano e ela mudou de trabalho, se perderam de vista, não mais voltavam juntos, seus papos mesmo que inocentes não mais aconteciam. Mas, passaram a morar próximo um do outro, contudo aquela “obrigação” do contato havia se perdido. Ela era esposa – mesmo que não fosse no papel. Morava tinha 5 anos com um carinha que ele jamais havia visto, aliás, nem fazia questão.
O problema vagava sua mente, era único: como restabelecer o convívio?
quinta-feira, 3 de maio de 2007
Contos Contíguos – capítulo I - Berto e Mônica
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