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quarta-feira, 30 de maio de 2007

Marx: frases e idéias


Karl Marx (from the Cuban Icon Series) - Lázaro Saavedra
“O homem feliz é aquele que faz os outros felizes” aos 17 anos;
“Obstáculos e dificuldades impõem ao homem um destino nem sempre desejado” aos 17 anos;

“A liberdade número um para a imprensa consiste em não ser ela uma indústria.”;
“A teoria também se transforma em uma força material quando se apodera das massas.”;

“As religiões, em geral, são um protesto contra a vida insatisfatória que é dada aos homens.”;

“O desenvolvimento do trabalho criador aparece, assim, aos olhos de Marx, como uma condição necessária para que o homem seja cada vez mais livre, mais humano, mais dono de si próprio.” – Leandro Konder;

“A classe que exerce o poder material é, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante.”;

“Em sua ascensão, o proletariado prepara a instauração de uma nova sociedade, na qual a propriedade privada e a divisão social do trabalho tendem a se extinguir.” – Marx por Leandro Konder;

“O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte da produção social; suprime apenas o poder de, por meio dessa apropriação, explorar o trabalho alheio.”.

Fonte: Marx: Vida & Obra (KONDER, Leandro)
Veja também: Resenha do Livro: Marx: Vida & Obra

terça-feira, 29 de maio de 2007

Carta aberta ao meu amor – primeira versão


Lovers - Fiorella Furzi
Saiba meu amor que sempre a terei com uma boa lembrança por mais que tenhamos terminado de forma brusca e estúpida. Que guardarei nossos momentos mais lindos em minha memória. Que meu coração sempre palpitará diante de sua presença e que minhas pernas sentiram a emoção de forma incontrolável e trêmula.

Lembre que sempre fiz de tudo para te trazer uma imensa alegria e que meu maior presente foi olhar para você e vislumbrar seu sorriso. Que ao olhar para seus olhos transmiti a mais imensa ternura que senti por você. Sempre a tratei como um bibelô e mulher, como a pessoa mais importante do mundo. Que meus pensamentos deslizavam por todo o dia – com pequenas interrupções – ao seu encontro. Perpetuamente és razão do meu viver, pois em tu estava a maior parte das minhas alegrias, a de fazer alguém feliz.

Que também, mesmo diante dos piores momentos de nossa relação - infelizmente impossíveis de esquecer - suas gargalhadas e seus prazeres demonstrados em estar comigo estarão sempre no meu íntimo muito maiores do que qualquer coisa. Saiba que se existe um amor verdadeiro e que ele possa ser traduzido eu o demonstrei todo a você. Este sentimento foi dado em cada instante de carinho, de desejo e das mais infinitas carícias. É claro, não sou perfeito e tive meus momentos de ser humano e de desequilíbrio, mas peço que os releve, pois o que estava dentro de mim sempre foi o meu amor por você. E que a maior dessas demonstrações foram em estar contigo e não com outras mulheres em busca de prazer ou de sexo fácil. E nisso pensei sempre como mulher, o meu desejo esteve sempre ligado ao carinho e ternura que senti por ti.

Lógico que um pouco de perversão passou pela minha cabeça e como ser imperfeito olhei para muitas mulheres com maldade sexual, animal e de macho. Mas, que também nada me moveu mais forte do que estar junto a ti. Óbvio é que desejei mulheres, mas nunca com a intensidade dedicada a você. Minha doação a você foi total,
às vezes pronunciada como uma caixa de bombom, um presente ou flores fora de hora ou simplesmente com palavras queridas e frágeis vindas na minha boca. Palavras vindas juntas com atos de extrema entrega, sensíveis e eternas.

Perceba que cada momento em que me viu sorrindo todo o meu corpo o acompanhou. E com a irradiação destes momentos, sou capaz de jurar que poderia se iluminar até a mais longínqua galáxia tal a energia expressa nesses instantes.

Lembre-se que sempre a amarei em meus mais recônditos sentimentos e por mais que tenhas de alguma forma me magoado terei somente aquilo de bom que tive contigo. Tudo impresso em meu ser.

Contos Contíguos – capítulo III – Guilherme


Le rêve du peintre (The Dream of the Painter) - Marc Chagall
Guilherme era alto, moreno, forte. Seus pais sempre o forçaram a ser médico, diante da insistência em não seguir a carreira, abriram mão até em favor da advocacia e da engenharia. Mas, não houve jeito Gui queria ser administrador.

O pai achava que seguir administração era para ricos ou para quem nada queria fazer ou ainda por quem não sabia por onde seguir. Farmacêutico frustrado, pois tentou a medicina. Mas, além do valor intelectual não ajudar muito, a carreira exigiria um investimento que dispunha já que vinha de família pobre. Não desejava o mesmo para os netos, já passara muita dificuldade na infância e adolescência. O filho optando por outra carreira o desapontou fortemente e quase o pôs para fora de casa. Fora muito rígido com ele e desde o conhecimento da opção dele jamais o tratara da mesma forma. Foi diante desse panorama que o jovem seguiu sua vocação, como ele mesmo dizia a todos.

Lutou muito para conseguir seu primeiro trabalho, conseguiu, tempos depois de seus colegas de faculdade e de ginásio, um pequeno estágio. Nessa própria empresa era meio desacreditado como profissional, não havia feitos cursos extracurriculares e isso o punha em desvantagem em relação aos outros. Seu maior mérito era o brilho dos olhos e uma perseverança fora do comum. De família judia, porém pobre, coisa rara, Gui sempre teve grandes ambições. Levou a sério consigo a missão de ter muito dinheiro.

Mulherengo sabia como conquistar as meninas, seu porte e sua aparência e olhos azuis ajudavam. Aliás, foi assim que conseguiu sua primeira grande chance, paquerou uma mulher bem mais velha de uma grande empresa. Ela teve papel fundamental nessa escalada, pois além de lhe avisar sobre um processo seletivo pouco divulgado deu-lhe uma “forcinha” nas entrevistas. Pouco antes de sua contratação ela disse-lhe: “Faça sua parte que eu te coloco lá dentro”. Depois saíram algumas vezes, mas ela já calejada notara que ele não era homem para algo mais sólido. A diferença de idade, doze anos, não fazia tanto peso, mas Guilherme queria outras coisas.

Anos mais tarde, o rapaz já estava numa posição de relativo destaque no mercado e traçava todas as meninas. Sabia que o dinheiro, o carro e o apartamento recém-comprado faziam bem o papel para que as moças o desejassem, e valia-se disso.

Mas, isso foi até o dia que conheceu Marina. Ela surgiu por acaso em sua vida, fazia muito tempo que tentava na academia que freqüentava conquistar uma loirinha, pequena e muito bem torneada. Sempre que olhava para sua bundinha ficava louco. Mas, eis que em uma dessas festas que algumas academias promovem, ele foi na intenção de finalmente encontrá-la. Achava que tinha mais chances fora daquele ambiente viciado. Contudo, em meio a uma multidão procurou-a, encontrou-a, mas junto também achou a amiga dela, a Marina. Na verdade, um grupo inteiro de mulheres maravilhosas. Entretanto seus olhos pararam nela. Foi com tudo para cima, e alguns momentos de resistência depois ele já a estava beijando. Não fora um ósculo apaixonante, mas o prazer pela conquista falara mais alto. Mari era alta, loura, olhos azuis assim como os seus e chamava muito a atenção pelo sorriso claro e límpido. Simpática e inteligente, também era uma boa conversa para horas. Engataram um relacionamento de três anos.

Mas, todos nós pensamos que a priori serão tudo maravilhas no relacionamento. Infelizmente não, após o primeiro ano seus contatos esfriaram, na verdade nunca nada fora intenso. A relação sexual entre eles era confusa, ela nunca o procurava e às vezes à noite parecia que se conflagravam verdadeiros estupros. Havia o consentimento dela é claro, mas sem nenhuma ponta de desejo. Ele tão caloroso, se via frustrado. Gostava muito de sexo e aquilo o incomodava. Sentia um carinho enorme por ela. Mas sua vida tinha se alterado completamente depois dela. Sua carreira continuava em alto estilo – até melhorara – mas a insatisfação tomava conta. Outra coisa que não gostava naquele relacionamento era a falta de vontade dela em ter filhos no futuro. Contudo, isso achava que poderia ser alterado mais para frente, pois até a família dela o apoiava. No entanto a escassez de sexo o afligia cada vez mais. Tentava fugir das tentações como medo de magoá-la, mas não havia jeito, tinha que dar vazão àquele desejo carnal. Demorou a praticar o primeiro “adultério” – não eram casados, mas viviam juntos. Somente após mais ou menos vinte meses a traiu pela primeira vez, e foi com aquela gerente que a tinha dado uma ajuda em seu primeiro grande emprego – mantinha sempre os bons contatos.

Depois daí passou a buscar outras e a freqüência aumentou até que se decidiu a desfazer do que o estava incomodando tanto. Após várias conversas, não tão diretas, mas que o foco era sempre a exigência da presença dela e escapadas pela tangente por conta de Mari, ele decidiu mudar o rumo de sua vida. Largou-a muito ressentido, mas buscou seu prazer. Não podia viver com uma mulher que não o completasse como homem. E que a seu ver era a mais fugidia das mulheres que encontrara em toda a sua vida. Terminou o “namoro” e foi ter-se com uma paulistana fogosa. Entretanto, não deu certo, essa nova mulher era só sexo, e muito bom – toda vez agradecia aos céus. Que seja dito, as conversas pouco existiam. A outra coisa que o prendia a ela, era a exuberância de seu corpo e rosto era de parar o trânsito. Isso o fazia bem, dava-lhe orgulho. A propósito, Guilherme desde sua grande ascensão profissional fora tomado por uma soberba que o atrapalhou de ver o mundo de uma forma mais isenta. Seu mundinho se restringiu a ternos, carro, dinheiro, festas, restaurantes caros e esbanjar. Foi o seu maior erro, pois apesar de ganhar muito, seu patrimônio pouco fora aumentado em todos os últimos anos.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Proliferação


Invasion - Daniel Douke
Estamos diante de uma praga. Ela se alastra sem alarde. Todo mundo vê, mas ninguém se mobiliza para acabar com essa perspectiva. Assunto de alta gravidade, que mudará para sempre nossa cultura, costumes, nossos cotidianos e tarefas do dia-a-dia.

Já se percebe a afetação, pessoas esquálidas, parecendo - e perecendo – vindas de campos de concentração. Seus cheiros se proliferam. Luzes ofuscantes. Estão dominando as ruas.

Incrível como ninguém se mexe. Decerto o dinheiro que rola por detrás desses empreendimentos sustenta o panorama. São várias. Grandes empresas estão envolvidas. O governo não se movimenta. A alimentação das pessoas escasseia.

O comércio se amedronta. Seus espaços são ocupados. Onde antes havia uma padaria, lá estão eles. Lojas são fechadas. Lugares são tomados.

É violento o movimento de conquista.

Em Brasília, certa vez vi que uma rua já tomada. Nada foi feito e ainda hoje continua como dantes. Mesmo a imprensa jogando seus focos para centros como Rio de Janeiro e São Paulo, onde também incidem, não se dá conta do movimento. A invasão é real. Esta aí.

Mas, o que parece uma ação única não é. Tem o consentimento da população que abastece os invasores. Seria então causa dos próprios cidadãos que se rendem a eles.
Razão vista por causa de seus hábitos? A cultura está contaminada. Não há relaxamento dos conspiradores.

Estão por toda parte. Abra sua janela e veja você mesmo. Quantas farmácias ou drogarias consegue avistar? É o tipo de estabelecimento comercial que mais se prolifera. Qualquer dia desses vamos acordar e dar de cara só com farmácias. Será o fim dos tempos!

A atividade só faz crescer retroagir nunca, retroceder jamais. Ou alguém já presenciou um fechamento de uma drogaria? São iguais a filhotes de pombo, ninguém nunca avistou um.

Os domínios poderão ir até além do que se imagina, o poderio poderá ser absoluto.
Já imagino uma entrevista para um emprego:
- Quantos remédios o senhor toma por dia?
- Quatro
- O senhor não acha muito pouco?
- É?
- Não sabe que o recomendado são doze?
- Desculpe, não sabia.
- Solange, mande entrar o próximo.
Um aperto de mãos e um adeus, aquele candidato está eliminado.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Iraque em Imagens

Libertadores?


Fonte: Zona Latina


Fonte: For Someone’s Child


Mais: Carnificina no Iraque

Link: Faz Sentido? - Duplo Sentido

Jornalistas têm problemas com números?


Numbers - Robert Indiana
Deparado com uma notícia estarrecedora: “A cada hora três espécies de plantas ou animais desaparecem para sempre do planeta. Por dia, 150 espécies são extintas”. O senso crítico disparou o alarme.

Seria muito chato? Voltou atrás. Releu. Não fazia sentido. Quantas horas existem num dia? 50? Conta rápida, 24 vezes três, resultado: 72.

Ontem: “Faltam 42 centímetros para o Jadel bater o recorde mundial (RM) do salto triplo”. Peraí, o triplista saltou 17,90m, o RM é de 18,29m. Lambuja?

“Outra praga nas redações da imprensa especializada é a maldição do milhão por bilhão. É o seguinte: por incrível que pareça, há um impulso suicida entre os profissionais da área de simplesmente acrescentar três zeros, ou então subtrair três zeros, seja qual for a história” (BASILE*, p.114).

* BASILE, Sidnei. Elementos do Jornalismo Econômico. 2002.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Os políticos corruptos e nós


The Line Up - Patrick Tuttofuoco
Somos tão diferentes daqueles que sempre recriminamos ao lermos o jornal? Ou será só questão de oportunidade?
Você paga aquela cervejinha para o guarda não te multar? Você fura a fila só porque conhece alguém de influência? Procura dar um jeitinho naquilo que tem que ser feito, mas que você simplesmente não deseja fazer? Cola nas provas da escola? Copia o trabalho do amigo dando só uma ajustadinha? Compra produtos piratas? Faz ligação clandestina de TV a cabo ou de energia elétrica?

Alguma assertiva?

Sim? Então aquele recriminado do Planalto é teu melhor representante.

Não? Um bem-vindo aos cidadãos de bem.

Ódio

SS wardresses transfer bodies of their victims to a mass grave after the British liberation of Belsen, April 1945.

Corpses in Belsen, April 1945.

Olhemos atentamente para as figuras acima. Como nós podemos ser capazes? Como seres humanos podem pensar assim? O que será que nos passa na cabeça quando fazemos algo tão vil? O que temos dentro da gente? Animais! Somos animais inanimados!
Não precisamos ter sido nazistas. A todo o momento podemos ter esse sentimento dentro da gente. O que podemos fazer com ele? Por que ele aparece? Por que nos atormenta?

Estamos todos contaminados. Inexplicável em certos momentos. Outras vezes reação ao outro. Quão odioso é o ódio. Nada acrescenta.

Em algum momento se instala. De onde vem a primeira centelha a desencadear? Execrável sentimento. Nada constrói. Destruiu e continua destruindo. Olhe de novo para as figuras. Esqueça ele. Guarde o horror que é tê-lo contigo.

Como podemos ser capazes?

Eu chorei e você?

Saiba mais: Campos de Concentração

Pense mais. Odeie menos.

Créditos das fotos: Primeira: SS wardresses transfer bodies of their victims to a mass grave after the British liberation of Belsen, April 1945.

Segunda: Corpses in Belsen, April 1945.

Todas tiradas do site: SHOAH - IN THE DEATH CAMPS

Exercício


Mountain Landscape with Waterfall - C. Philipp Weber Olhe atentamente para uma cachoeira. Se entregue a ela. Deixe que os sentimentos dela o penetrem, entrem no seu ser. É tão difícil estar com a natureza. Nela estão as “coisas” que não sabemos explicar, apenas sentimos. Na entrega, sentimo-la forte. Está em nós. E nem sabemos o que é. Viemos de lá, para ela voltaremos e das cinzas influenciaremos novas gerações.

Reflexos do Corte de Cabelo


Reflections on Hair - Roy Lichtenstein
Corto o cabelo na certeza de que a essência permanece.
Atravesso a rua e ela continua lá. Minha consciência me dizendo o que é certo e o que é errado.
Na cachola, as idéias, os pensamentos, as paixões e os sonhos.
Tudo misturado.
Como irei me entender com tantas coisas juntas?
Por isso é que nunca sabemos quem somos.
Devia ser uma coisa de cada vez, mas vêm tudo ao mesmo tempo!

Mundo circular de energias


Le Cirque à l’étoile (The Starlit Circus) - Marc Chagall
João está chateado, cabisbaixo com a perda do emprego.
Pedro envia uma mensagem por e-mail para João que não responde.
Guilherme convida Pedro para um chope, mas Pedro espera a resposta de João.
Guilherme então chama Carlos que vai, mas deixa de receber um telefonema de Janaína.
Janaína vai sozinha ao cinema e depois liga pra Luciana para contar o filme.
Luciana acredita na vida após a morte.
Ricardo é apaixonado por Luciana, mas seu telefone está ocupado.
Luana encontra-se com Ricardo, que foi passear com o cachorro, na rua.
Comentam sobre a situação do país.
Luana liga para João e termina o namoro.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Boa Música


Au Concert (In Concert) - Jean-Claude Gaugy
Suite No. 3 in D major, BWV 1068 Air on the G string - composta por Johann Sebastian Bach

Para ouvir clique nos links abaixo:

Muito boa, pena que é somente um intróito
na Amazon

Música Inteira, mas essa execução não me agrada muito
no Radio UOL

Versão tocada com guitarra, gosto do instrumento mas nesse caso não ficou tão boa
por uma Guitarra

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Fenômeno Seje


Trial & error  - Gustav Kluge
Já faz algum tempo que se nota a presença incomoda do “verbete” “seje” em nosso cotidiano. Não que a língua portuguesa seja fácil, mas é quase deliberado o uso do “vocábulo”. Vez por outra ele é percebido em entrevistas, em novelas e pasmem, até mesmo vindo da boca de quem não devia – universitários, bacharéis, autoridades e políticos, só para citar alguns.

Tudo bem que é um verbo irregular e por isso tem um quê a mais de dificuldade, mas será que lá no coleginho da tia Tetéia não foi pelo menos uma vez conjugado? Ou lembrado mais recentemente?

O que impressiona é a quase forçada pronúncia do “seje”. Acredito que na maioria das vezes até o próprio interlocutor sinta certa estranheza ao proferi-lo. Mas, mesmo assim a utilização é reiterada. Exagero? Pesquisa rápida: Google: “seje”: 3,8 milhões de ocorrências. Ah, dentre elas temos as que corrigem o erro crasso. Novo exame: seje -seja -erro: 1,36 milhões! Se reparar bem, vai até notar alguns anúncios usando o “termo”! Nova busca: “seje” no Orkut, resultado, mais de 1000, entre elas 204 comunidades - claro que algumas são justamente – ainda bem - para criticar o uso errôneo da “palavra”.

Nem o YouTube escapa. Alguns vídeos achados: “Se for amor que seje verdadeiro” – vai ver o amor não é tão verdadeiro assim; “Viva e seje feliz” – será feliz e ignorante por toda a vida; “Seje vc um Rocky” – esse nunca será um Rocky; e até um assassinato de um verso de Vinicius de Moraes: “E que seje eterno enquanto dure” – com certeza alguma coisa vai durar pouco.

Uma explicação plausível para tanta incidência do equívoco é que no presente do subjuntivo o “e” final seja usado com bastante freqüência – desculpe-me pelo eco. Mas, essa desinência só ocorre – em regra – nos verbos da primeira conjugação, final “ar”. Ou seja, somente para verbos como estar, falar etc. Já os da segunda e terceira formam – não sei se há exceções – em “a” assim como o nosso seja.

O fato é que de tanto ouvir alguns menos letrados ou desatentos acabam se viciando no “seje” e o dão como certo. Um verdadeiro fenômeno. Fica uma dúvida será que existe erro verbal mais comum que esse?

Todos cometemos inúmeros erros, mas que esse “seje” único.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Obrigado


Adoration of the Name of God - Francisco de Goya
Obrigado pelos dias felizes que tive. Pelas risadas demoradas. O cheiro do campo, o sorriso das pessoas e a alegria em estar com os amigos. O papo descontraído, as brincadeiras de criança e o olhar de carinho da mãe e da namorada. As noites de suor, amor e prazer com minhas amantes. A entrega sem medo àquela pessoa que ama. As buscas e as realizações. As peladas de futebol e os piques animados de moleque. Os livros e filmes que li e me emocionei. As lutas pela justiça e defesa dos mais desprotegidos. Os beijos e abraços dos companheiros de estudo. A lembrança das meninas que gostei. As corridas e mergulhos na praia. As paisagens de um mundo de campos, mares, cachoeiras, flores, lua e sol. As noites estreladas que tinham o aroma da amada. Os cochichos e afagos das paixões. O entardecer, o anoitecer e o amanhecer. As ondas que batiam forte nas pedras e esguichavam água para todo lado. Das doenças recusadas, dos percalços que não precisei passar, das dificuldades superadas, da fome nunca percebida e das tristezas que não senti.

Imagens que jamais sairão da minha mente.

Agora, aqui debaixo da minha lápide, vejo o mundo e as coisas como deveriam ter sido vistas. De que valeram as discussões banais e as brigas sem sentido?

A raiva, os ressentimentos e alguns posicionamentos mesquinhos também não têm razão de ser. Nesse instante sinto que a busca pelo amor é a única coisa que faz sentido.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Frases - I



"Amar é ultrapassarmo-nos"

"O Retrato de Dorian Gray" Oscar Wilde
Fonte: Citador

Contos Contíguos – capítulo II – Uma lição


Design for Destino – 1947 - Salvador Dali
A história de Berto é cheia de entreveros amorosos. Sempre um homem de caráter forte atraiu desde muito moço muitas garotas e mulheres. Seu jeito desligado era um componente que lhe dava uma ponta de charme. Além disso, lidava com as relações humanas de modo racional, o que a priori seria um motivo de distanciamento das pessoas por alguma razão as aproximava. Apaixonar-se ou gostar das meninas era platônico, na maioria das vezes. Forte e ao mesmo tempo sem entrega. Aliás, nascera como uma couraça que o impedia de ir a fundo em qualquer que fosse o relacionamento. Isso se traduzia como um fator enlouquecedor para o sexo oposto. Elas queriam ter o domínio sobre aquele homem, mas ele escorregava. De tanto ouvir comentários a respeito disso, decidiu, ressabiado, analisar a situação. Segundo as mocinhas esse era o fator principal para não engatar um namoro. Ainda desconfiado e um pouco inseguro começou a se soltar e finalmente teve sua primeira – real - namorada. Ainda pisando em ovos, foi se abrindo e mostrando seu verdadeiro eu. Aquele que parecia impossível de se atingir, finalmente deu os primeiros passos ao coração. Entregou-se perdidamente àquela mulher. Morria de amores e ciúmes. Alguns pensamentos o consumiam. Vivia o céu quando junto dela e o inferno longe. Na verdade nem sempre era assim. No decorrer de seu relacionamento, Berto que era inocente, mas inteligente percebia que algumas atitudes daquela pequena eram no mínimo estranhas. Pressentia de alguma forma, e o levavam, mesmo que de maneira inconsciente, a crer que características levianas estavam abrigadas nela. No entanto, mesmo não estando cego de amores, lhe doía o fato de pensar em não mais tê-la. O sexo era ótimo, aliás, anos depois percebeu que nada de tão excepcional havia no ato.

A vontade de estar com ela e também até a simples razão de saber que alguém se importava com ele já justificava o relacionamento. Era um garoto ainda, tateava pelo mundo dos romances, nada sabia da vida e muito tinha a perder. Embora jovem, já trabalhava. Na pequena mercearia ganhava o sustento para suas badalações e ainda lhe sobrava muito. Dinheiro que não se recusava a gastar com presentes para sua linda cortejada. Aos poucos, ela, que, apesar de mais amadurecida, era um ano mais jovem, via seu poder sobre o pobre mancebo passou a se aproveitar de situações insinuando esse ou aquele desejo material. O jovem a cobria de mimos, estava, coitado, caído. O curioso nisso tudo é que mesmo que houvesse tido relações sexuais anteriores, a cópula o prendia de uma forma indecifrável.

Com o avançar dos meses de convivência, começou-se a constatar alguns fatos que antes eram só fruto de sua imaginação ou de, uma sensibilidade apurada. Certa vez numa boate, se deu conta que a namorada trocava olhares com outrem. Pego-a num relance e frente ao desconcerto dela teve certeza. Foram embora do local e ele contrariado brigou, mas fez o pior não determinou o fim do relacionamento. Sua relação, ficou clara, era de dependência. Amolecendo nesse momento, perdeu-se muito em respeito próprio e mais ainda em segurança. Ficou inseguro.

Dava-lhe tudo fazia suas vontades e tinha um fogo absurdo, até mesmo para idade. Quando o assunto era transar não deixava em branco. Ficou preocupado, não sabia o que estava errado no namoro. Então, investiu então mais naquela mulher, comprou jóias caras com as economias que tinha e tentou segurá-la de todas as formas. Mas o erro não estava nele. Depois de tanto se magoar e viver às voltas com imagens de traição que lhe atormentavam, um fato deu novo contorno a sua situação. Não fora um flagrante, mas a certeza de que uma mentira o transportava ao óbvio.

Certa vez, quando visitou a amada em sua casa, deparou-se com uma roupa dependurada numa cadeira com características muito similares, para não dizer quase idênticas as que havia visto, por acaso no dia anterior em uma menina. Nessa ocasião chegou a confundi-la com a namorada, mas pela distância fora impossível ter certeza. A então garota havia entrado em um prédio residencial em um local longínquo da casa da namorada. Não deu muita atenção e descartou a hipótese, afinal o que ela poderia estar fazendo lá? Sabia que podia ser só impressão, pois estava muito distante e poderia ser só alguém parecido, ficou com medo dessa percepção, achou que estava perdendo as estribeiras. Além disso, outra coisa que se anunciava contra é que no horário de sua visão ela deveria estar num curso em outro canto da cidade.

Mas, a dúvida lhe encafifou, decidiu então ao enxergar a roupa na cadeira perguntar como tinha sido o curso, ela teve uns segundos de desconcerto. Mentiu. Já com medo de alguma desconfiança escondeu com o pé as pequenas meias vermelhas da véspera, espalhadas por cima do tênis. Ele notou o movimento. Foi o começo do ponto final. Agora tinha certeza. Ela havia sido infiel. Voltou para casa com vontade de chorar. Mesmo assim a deixara como se nada tinha acontecido. Pensou, pensou e se preparou para a idéia de deixá-la. No dia seguinte a hipótese, mais clara, do término já estava viva na sua mente. Ligou para ela, combinaram de se encontrar e foi direto ao assunto: não a queria mais. Caminhou um pouco e depois virou olhando para ver se ela tinha alguma reação de choro. Nada aconteceu. Soube muito tempo depois que aquela traidora chorou por três dias. Mas àquela altura, seu coração mesmo muito doído não admitia retorno. Foi sua primeira lição como homem.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Vento


U.S.S. Kearsarge off Boulogne-Fishing Boat Coming in before the Wind, 1864, Edouard Manet
Vento, que toca as asas do meu verso,
Leva em viagem minha poesia,
Para aduzir à sua letra fria
A emoção em que me faço imerso...

Se ela tiver tristeza ou alegria,
Não lhe dês significado diverso;
Mostra contudo a todo o universo
Quão diferente seja cada dia...

Pois sempre acharás em meus sonetos,
Da minha alma, o real conteúdo,
Seja saudade, amor ou amargura...

Transmite, então, a realidade pura,
Sem o retoque vão e inseguro,
Das duas quadras e mais dois tercetos.

Mario Roberto Guimarães

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Receita para achar o Brasil uma maravilha


The Love Embrace of the Universe, the Earth (Mexico), Diego, Me and Senor Xolotl - Frida Kahlo
Roteiro resumido:
- viajar para a França e ver somente as fotos das badernas provenientes das desavenças entre franceses e imigrantes;
- ir à África paupérrima e presenciar, guerras civis e o estado de calamidade da saúde;
- saber mais sobre as falcatruas existentes na Itália, Rússia e China;
- ainda na Ásia, se informar sobre salários e condições de trabalho, principalmente no interior, lembrar também do “clima” de censura que existe naquele país;
- conversar demoradamente com estudantes universitários americanos sobre geografia, política internacional e sobre a “segurança” dentro das instituições de ensino;
- visitar as áreas menos desenvolvidas no Paraguai e na Bolívia;
- carregar consigo sempre imagens das praias brasileiras, principalmente as cariocas e as nordestinas, além das do Pão-de-Açúcar, Cristo Redentor e Pantanal.

Em se plantando tudo dá. Realmente temos tudo aqui no Brasil.

domingo, 6 de maio de 2007

No mar da tranqüilidade


The Sea At Fecamp - Oil on canvas - 1881 - Monet

À beira da praia, um jovem de sessenta e quatro anos admira as ondas, o movimento do mar e olha a areia se desvanecendo com a força do vento.

Uma visão de nostalgia.

Sua casa é simples e bem localizada em um lugar pouco degradado – por ser ainda pouco conhecido e de acesso difícil.

Um olhar perdido no horizonte de boas lembranças. Lembra-se das mulheres que teve, das alegrias que proporcionou aos outros, das risadas, das conversas furtivas. De nada parece ser o homem que deveria ser - um sujeito amargurado pelas peças que a vida lhe pregou. Aos quatro anos de idade foi violentado por um maníaco. Aos nove sofreu grave acidente que o deixou impraticável para vários esportes, em especial ao que mais gostava a ginástica olímpica. Com doze foi induzido pelas más companhias a consumir drogas, preso aos treze em uma casa de recuperação se submeteu a várias provações, dentre elas a fome, o frio – que lhe trouxe junto uma pneumonia que quase o matou. Solto aos dezesseis, decidiu recuperar o tempo perdido, estudou muito e conseguiu completar seu segundo grau à custa de muito esforço.

Era inteligente para os estudos, mas não tinha berço nem base para enfrentar aquele nível de conhecimento sem que fosse a troca de um considerável esforço extra. Falava errado, escrevia pior e foi vítima de galhofas. Não revidava era de boa índole, e sequer percebia algumas maldades em seu entorno. Não conseguiu passar no vestibular em suas primeiras tentativas, pois era muito fraco para competir em tom de igualdade com o pessoal da elite. Na terceira vez em que já estava quase decidido a mudar de rumo em sua tentativa para medicina - já até se inscrevera para administração, curso considerado de mais fácil aprovação – conseguiu finalmente. O curso, no entanto, não foi condescendente com ele, precisa de livros caros e sua atividade empregadora – era atendente em uma lanchonete – não lhe dava condição suficiente para comprar obras tão caras. Virava-se como podia, mas não foi o suficiente, foi reprovado no primeiro ano e viu sua turma ir em frente.

Morava sozinho, pois seu pai o havia abandonado quando fora encarcerado, injustamente ao ser flagrado consumindo maconha. Sabia que tinha sido preso por que era pobre e precisava fazer número às vistas das “otoridades”. Nunca chegou a conhecer sua mãe, pois ela sumiu ao dar-lhe à luz. Mais tarde, soube que já estava morta, mas não sabia ao certo onde havia sido enterrada. Era sua missão, um dia queria descobrir os verdadeiros fatos. Alguns, inclusive o pai – um sujeito severo e grosseiro – haviam lhe dito que fora uma doença terrível a levara e que até por isso a fizera ter razão para o abandono.

Mais tarde ao chegar quase no fim do curso de medicina – faltavam exatos oito meses - foi obrigado a abrir mão do sonho, estava encalacrado em dívidas contraídas ao longo dos anos. Nesse momento já exercia o cargo de gerência de uma distribuidora de roupas o que lhe obrigava às constantes viagens – outro forte motivo que o impedia de cursar a faculdade, pois eram constantes as faltas. Sanou suas dívidas após largar a medicina em quatro anos. Sempre fora amoroso com suas namoradas e companheiras por toda a vida, praticamente se doava aos seus bel-prazeres, via naquilo uma amostra do amor verdadeiro e romântico. Fora também enganado na maior parte das vezes por mulheres ambiciosas que se aproveitavam de sua ingenuidade e bondade. Corno era uma palavra forte, mas que estava muito presente no seu dicionário, se contentava em saber que nessas aventuras amorosas, a culpa poderia ser até sua, mas nunca tinha sido forma deliberada. Que os rompimentos diante das deslealdades embora lhe doessem não tinham sido fruto de uma ação sua. Afinal quem havia cruzado a linha da falta de caráter e do desengano não fora ele.

Vivia de forma simples, e sua ascensão profissional conseguira dar-lhe um conforto maior, já conseguia alugar um pequeno apartamento – morou durante anos em um quarto nos fundos de um sobrado pouco amistoso no centro da cidade. No entanto, um ponto de frustração lhe abatia, com sua mudança de ambiente, novas companhias também foram sucedidas. Nas novas rodas de amigos, era o único a não ter completado os estudos e ter uma profissão.

Decidiu então ser advogado, pois a medicina infelizmente o deixara para trás e não estava disposto a ter frustrações de reiniciar tudo novamente, sua idade também já era um empecilho e o mercado de trabalho na área médica – cirúrgica - era cruel com pessoas mais velhas sem experiência. Formou-se depois de quatro anos exatos – já estava mais adaptado ao ambiente de faculdades e a confiança não mais lhe fugia. Em função do mesmo problema da medicina, não conseguia exercer sua profissão e se encaminhou para o setor público, prestou concursos e logo se tornou juiz. Muito competente e com um senso de justiça e ética muito grande colecionou inimigos ao não aceitar conchavos e propinas. Em uma tarde a frente de muitas pessoas conhecidas sofreu um atentado que quase o matou – por sorte não lhe atingiu mais gravemente – mas tirou-lhe quase que totalmente o movimento de uma das pernas. Incidente que lhe deu – por forças “ocultas” – uma condição de aposentado por invalidez. Mas o que mais tinha deixado com choros e tristezas no coração foi a conclusão a que chegara. Enquanto ativo e possuidor de status e poder muitos amigos os tinham na mais alta consideração. Ao ser colocado – contra sua vontade – fora do serviço público, sumiram. E até alguns presentes na tentativa de assassinato sequer testemunharam a seu favor. O réu era conhecido e nunca foi definitivamente condenado pelo fato. Era um empresário, rico, mas nem tanto, contudo tinha uma série de pessoas no judiciário comprometidas com ele.

Passaram-se os anos e tratou de esquecer os ocorridos, pois não valia a pena. Isso só lhe fazia mal e não tinha efeito prático algum. Decidiu-se a pintar como hobby e vez por outra convidava alguns remanescentes amigos para sua casa a fim de trocar conversas e mostrar suas pequenas grandes obras. Era possível perceber nelas seus tons de amargura, mas não em suas ações. Pessoa alegre, comunicativa e com muitos carinhos com quem quer que seja. Aos amigos nem se fala. Parecia que transportava tudo que tinha acontecido ao longo de mais de sessenta anos para as telas. Ali estava impresso a parte ruim dele, a tristeza, o desvanecimento, a melancolia, o descrédito com parte da sociedade e os rancores.

Mas, ao se tratar com ele se via que não tinha mágoas, só guardava alegrias, por isso permanecia sempre com seu rosto envolto num sorriso. Escondendo o que a vida tinha lhe preparado.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O Cavalo Soluçante


Ilustração de Gustave Dore – da Obra Don Quixote - Cervantes
Polícia Federal prende mais de 20 em operação Furacão – melhor do que Hurricane – cavalo relincha. Juiz libera 4 magistrados, cavalo soluça. Champinha, foge, mas é recapturado horas depois, um rincho se houve. Justiça determina que o “menor” de 20 anos volte à Fundação Casa – antiga FEBEM - mais soluços. Congresso americano aprova lei que determina diminuição da emissão de gases poluentes, há um nitrir nesse momento. Bush veta, singultos são pronunciados. Estatuto das Armas é aprovado, homicídios retrocedem, ao fundo se escuta um trinir, STF reduz penas, o cavalo cai duro num espasmo, é seu último suspiro.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Contos Contíguos – capítulo I - Berto e Mônica


Ilustração de Gustave Dore – da Obra Don Quixote - Cervantes
Berto era determinado, avoado, alto, magro e cheio de amor para dar. Mônica frágil nos amores, forte e perseverante no trabalho, morena, cabelos lisos e negros. Para Berto era às vezes um bibelô, outras muitas curvas. Não sabia ao certo como se aproximar dela. O certo é que ela estava desgostosa com seu casamento. Ficava imaginando como chegar até ela. Será que o via como homem ou só como amigo? Fazia também elucubrações a respeito de sua nudez. Pensava em como seria maravilhoso tê-la nua numa casa à beira-mar. Esparramados pela cama a ver o movimento das ondas e ele ainda com mais uma paisagem à sua frente, o delinear do corpo em pêlo, com os altos e baixos da anatomia, indo dos pés à cabeça.

Em todas em que se aproximava dela não mais conseguia ver nada, se sentia atordoado, não racionava direito, o sangue subia.

Tinha vontade de abraçá-la com muita força, num sentimento que misturava o desejo de protegê-la com o de tê-la. Queria envolvê-la.

Um carinho muito grande também se nutria. Seus olhos lhe mostravam uma carência incompreensível e surda. Como atingir aquela mulher que se encontrava na sua frente? Um beijo roubado?

Eles haviam se conhecido fazia pouco tempo. Foi a partir de um amigo em comum – que depois sumiu. Encontraram-se numa festa e descobriram que trabalhavam muito próximos. Combinaram então de voltarem sempre – ou quase – juntos de Metrô. No entanto, suas conversas sempre foram mais para amistosas, nunca tinha havido um movimento de ambas as partes de se relacionar sexualmente. Mas, de uns tempos para cá, Berto começou a olhar para ela de outra forma. Talvez o momento, ou quem sabe um despertar. Passou-se um ano e ela mudou de trabalho, se perderam de vista, não mais voltavam juntos, seus papos mesmo que inocentes não mais aconteciam. Mas, passaram a morar próximo um do outro, contudo aquela “obrigação” do contato havia se perdido. Ela era esposa – mesmo que não fosse no papel. Morava tinha 5 anos com um carinha que ele jamais havia visto, aliás, nem fazia questão.

O problema vagava sua mente, era único: como restabelecer o convívio?

terça-feira, 1 de maio de 2007

Enlouquecido por saber


A Scholar - 1631 - Rembrandt van Rijn
Cada vez que entro na Internet fico mais louco do que já sou. Primeiro me deparo com a relação de toda a obra de Machado de Assis e vejo que li apenas uns poucos livros, mais adiante esbarro em Shakespeare, e percebo o quão ignorante sou. Depois vem Hemingway, Proust, Oscar Wilde, Lima Barreto, Fernando Pessoa, Gregório de Matos!

Minha nossa! O que andei fazendo esse tempo todo? E agora? Não dá para ler tudo de uma vez. Estou lendo Aluísio Azevedo, mas pensando em Machado de Assis. E as maravilhas que me falam de Spinoza, como ficam?

O que devo deixar para depois? Qual a prioridade? Pronto. Descobri. Acabei de encontrar uma lista. É de Mindlin. São quase 100 obras que ele recomenda. Vou passando os olhos. Alguns já li, outros tentei. Confesso que alguns julgo que estão além da minha maturidade literária e prefiro deixar para depois. O rol está ao fim do blog - lá embaixo.