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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Processo de Criação - Rascunho - Versão 1.0 - O dia que virá amanhã nunca mais virá


O dia é hoje, amanhã ainda virá. Seus atos refletirão amanhã e por resto de suas vidas, o ontem ficará dentro do armário atrás do espelho. Essas mesmas ações só serão retiradas se o vento passar e abrir a porta ou se alguém meter o bedelho. Situações de impasse acontecem a todo o momento, daquelas em que nos perguntamos: “o que faço agora?”.
Certa vez, em Barbacena, interior do estado de Minas Gerais, um menino teve em suas mãos um desses estorvos. Tinha ido a uma cachoeira próxima de bicicleta. O local era o mais freqüentado pela garotada da cidade em dias de intenso calor. Foi com Cat seu cãozinho. Lá chegando se aproveitando da imensa ferocidade de seu pequeno vira-latas botou para correr meia dúzia de assustados. Assim poderia aproveitar melhor o curto espaço que a queda d’água disponibilizava. Não era muito simpático, desta forma era visto pela maioria da população da cidade. No entanto se reconhecia que não era um garoto mau, só que tinha alguns problemas.
Algumas horas após a sua chegada, percebeu que um homem próximo a ele começou a se afogar. Jogou-lhe uma corda para que pudesse ser puxado para a beirada. Contudo, antes mesmo que o afogado pudesse alcançar o fio, Cat começou a latir desesperadamente, pois estava sendo puxado por uma estranha correnteza. Imediatamente o menino, sem pensar o porquê daquilo desviou seus olhos e alterou seu resgate dando prioridade ao canino. Esse mais ágil logo pegou os fiapos e se firmou. Carlos puxou-o e o salvou.
Enquanto isso o corpulento homem afundava nas águas barrentas onde todos assistiam atônitos a atitude do rapazote. “Como você foi fazer isso?”, “Deixou de salvar o rapaz para acudir seu cão?”, “Ficou louco, era uma pessoa?”, ouvia o moleque. Aquele fato o atormentou pela vida toda, os olhares por toda Barbacena eram de total reprovação. Depois de se formar na Academia Militar finalmente pode dar vôos mais altos e sumiu da cidade. No entanto, sempre pensava: “fiz aquilo num impulso e nem sequer pensei por um momento na escolha, foi algo natural”.
Muitos anos mais tarde, voltou à cidade e notou que todos os olhavam de forma diferente. Achou que era por causa da farda, mas fazia apenas alguns poucos meses cansado dessa rejeição e após a morte do vira-lata seu pai tinha revelado fato curioso. O cachorro havia feito tudo aquilo de propósito, simulado inclusive um afogamento, pois aquele que havia se afogado de fato era o assassino da irmã de Carlos. Por isso é que existia aquele estranho nome de Cat para um totó , pois significava na verdade C.A.T. (Cãozinho Assassinará Também). O pequeno menino, agora um homem, tinha agido certo e conforme seu instinto, salvou aquele que mais importava.


Obra: Zhang Fazhi

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