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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Tragédia no Metrô do Rio de Janeiro

Eram seis horas, hora do rush e o metrô estava cheio, digo apinhado. As pessoas se espremiam, acotovelavam. Os mais sortudos estavam sentados ou encostados nas paredes, os demais sofriam a cada parada brusca ou movimento mais sacolejante. Alguns passavam em suas faces, o sofrimento, mas a maioria encarava de modo normal, cotidiano, quase como acordar e abrir os olhos – era parte da rotina e da luta do dia-a-dia. Suor, respirações ofegantes, o encostar-se a outro ser “desagradante”.
Fazer o quê se aquele era o melhor transporte? Carro? Quê carro? Ônibus? Inda pior. A pé, impraticável. O movimento às vezes dava sono e embalava os "cansados da batina".

De repente, acelerou. Muito correu. Assim. Assim como nunca tinha se visto. Estranho. Todos se entreolharam, atônitos, sem conseguir dizer nada. Criaram um clima de normalidade no anormal – porque as pessoas fazem isso? – Numa situação quase blasé tudo continuou até que a luz diminuiu, então as pessoas imediatamente voltaram do transe, mulheres soltaram gritinhos e homens começaram a bater nas paredes, algo de esquisito estava acontecendo. E o movimento dos vagões aumentava, a estação que seria a próxima parada, passou quase que num flash, uns dois ou três segundos quando deveria demorar uns vinte.

Num novo relance, as portas se abriram, pessoas caíram nos trilhos. Ouviam-se os gritos, morriam queimados em instantes. O terror tomou conta de todos, se debruçavam sobre as cadeiras, se apoiavam um tudo que podiam. Puxavam os mais fracos usando-os como escudos de proteção. Era cada um por sua conta e vida. Uma luta angustiante. Os olhos das pessoas mostravam pavor, de seres humanos viraram criaturas, lutando pela sobrevivência. E seguia desgovernado o trem, nova estação passava, agora, deserta. Estávamos à mercê. Sentíamos que todos tinham ido embora e que algo de muito grave estava acontecendo, as máquinas não obedeciam, os celulares estavam loucos, quando tinham sinais emitiam chiados que deixavam qualquer conversa incompreensível. Era 10 de janeiro de 2009 a real data da virada do milênio e o mundo estava acabando. Quando finalmente acordei. Ô pesadelo monstruoso. Pior, 10 de janeiro ainda não chegou.

2 comentários:

Robertson Frizero disse...

Excelente o clima de pavor crescendo aos poucos... Fiquei com medo do dia 10 de janeiro de 2009...

Abração!

Anônimo disse...

Agora já passou 10 de janeiro e você não posta desde o ano passado. Espero que tudo esteja bem.

Sobre o metrô, já vivi cenas dantescas, não no Rio, mas em São Paulo... deve ser mais ou menos a mesma coisa. Já tive muito medo de ser pisoteado e atirado nos trilhos e coisas assim. Seu conto me fez lembrar de tudo isso. Ó ceus!